domingo, 2 de fevereiro de 2014

Globo mente ao dizer a primeira emissora a exibir o Beijo Gay

A TV Globo não pode – ou não deve – continuar se jactando de ser a primeira emissora de TV na história do veículo no Brasil a exibir uma cena de beijo na boca entre dois personagens homossexuais – no caso dela, entre os atores Matheus Solano e Thiago Fragoso, no último capítulo da novela Amor à vida, encerrada ontem.
Não foi a Globo, esse mérito não é dela. Há três anos (2011), o SBT exibiu um beijo, também na boca, entre as personagens da modelo Luciana Vendramini e a atriz Giselle Tigre, na trama de época Amor e Revolução, que versava sobre a resistência a ditadura militar (1964-1985) –
A minissérie  abordava o golpe militar de 1964, tratava, entre outras questões, da luta armada, e contou com depoimento do ex-ministro José Dirceu (cliquem aqui para rever o depoimento).
Se a Globo insistir, portanto, que exibiu na telinha o primeiro beijo entre personagens homossexuais estará mentindo. Como mente, aliás, tentando até hoje, 30 anos depois, convencer os brasileiros de que cobriu a campanha das Diretas Já. Não cobriu na fase inicial, escondeu, parecia que não estava acontecendo a campanha, e só passou a cobri-la em sua fase final, quando a ditadura já estava encurralada e prestes a cair por pressão, inclusive, do movimento que colocou o povo nas ruas cobrando a volta do pleito direto para presidente da República.
Não cobriu as diretas, não promoveu os primeiros debates entre candidatos…
Ou como fez com os debates entre candidatos a eleições majoritárias, que ela também não iniciou, demorou a organizá-los, mas trombeteia aos quatro cantos do mundo. O 1º destes debates quando da volta das eleições diretas de governador em 1982 (depois de suspensas por 17 anos pela ditadura) foi promovido pelo falecido jornalista Ferreira Neto em seu programa então no SBT.
Na véspera e no dia daquele debate, Sílvio Santos, dono da emissora, tentou impedi-lo e não conseguiu mais. Havia sido intensamente divulgado e os candidatos a governador de São Paulo naquele ano, Franco Montoro (PMDB), Lula (PT), Jânio Quadros (PTB), Reynaldo de Barros (PDS) e Rogê Ferreira (PDT)  já haviam confirmado participação.
Só depois a Globo passou a promover seus debates, criticados pelos candidatos participantes porque engessados, com uma pauta feita por ela de temas geralmente administrativos e nos quais não gosta que sejam discutidas questões políticas.  Como registra a memória publicada nos jornais hoje, a Globo até gravou cenas de beijos na boca entre personagens homossexuais em outras novelas, mas por conservadorismo – que é o forte da emissora – não as exibiu.
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